sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pequenos provincianos


O meu tio Armando que viveu muitos anos numa pequena vila no interior do país, era um homem austero e durante a juventude das minhas primas sempre as controlou e impediu de fazer aquilo que todos os jovens gostam de fazer.

Lembro de as ouvir contar que uma vez, uma delas, foi apanhada pelo pai a fumar atrás da igreja e que além dos 4 pares de estalos que apanhou esteve 2 meses sem puder sair à rua, sem ser para ir à escola e foi proibida de falar com a amiga com quem estava a fumar. Outra foi vista pela D. Arminda aos beijos ao namorado e quando a cusca de serviço avisou o meu tio, lá teve a desgraçada que passar a ir ajudar o padre todas as terdes, durante 6 meses.

Sempre que uma delas infrigia as regras, o meu tio rapidamente arranjava maneira de saber e na sequência disso lá vinha um castigo desproporcionado.

A determinada altura, o meu tio foi transferido para Lisboa e a partir daí, apesar das regras serem as mesmas, deixou de conseguir controlar as cachopas com a eficácia que o fazia no seu antigo lugarejo. No espaço de dois anos, conseguiu incompatibilizar-se com as três filhas, que à vez foram saindo de casa. Apesar de todas as dificuldades, todas elas conseguiram acabar os estudos e hoje, exceptuando a mágoa que ainda têm para com o pai são pessoas saudáveis, equilibradas e felizes.

Isto tudo a propósito de estarmos em vésperas de mais um clássico e como sempre acontece cada um começa a "puxar a brasa à sua sardinha" e apresentam-se os argumentos porque se acha o seu clube melhor que o do adversário.

Um dos atributos que os adeptos do clube dos corruptos mais enaltecem é a organização do clube e a "mão de ferro" com que Pinto da Costa e restante máfia vão gerindo a organização em geral e os jogadores em particular.

Referem amiude a facilidade com que qualquer jogador do FêCêPê é controlado nas suas saídas nocturnas e não raras são as histórias que já todos ouvimos, sobre o jogador A ou B que é visto numa casa de diversão nocturna a desoras por um adepto do clube, que avisa logo um dirigente, que por sua vez se apressa a deslocar-se ao referido bar de alterne para "escoltar" o atleta até casa.

Pensando na história do meu tio Armando, acho que ao FC Porto não sobra organização nem rigor. Quer-me parecer que aquilo funciona porque o clube está inserido num meio pequeno, cheio de alcoviteiros e bufos, que frustrados por não serem suficientemente felizes tudo fazem para estragar a felicidade dos outros, como a D. Arminda fazia com as minhas primas.

Queria ver se o FC Porto também fosse transferido para uma cidade à séria, se teria hipóteses de controlar os seus atletas como o faz hoje. É que nas grandes cidades, o vice presidente do clube não pode ser proprietário de todos os bordéis, nem todas as putas colegas da ex-mulher do presidente.

Já agora, a história do tio Armando é toda inventada. Deu foi um jeitão para ilustrar o que penso sobre a forma como o Pinto da Costa controla o clube!

1 comentário:

The Wall disse...

Um argumentário interessante. de facto é verdade. O que me faz gostar menos do FCP e ficar contente cada vez que levam 4 do Arsenal é a pequenez dos seus adeptos e a maneira de comemorarem campeonatos com o "so queremos ver Lisboa a arder". Pois, eu tenho um sonho: "Ver o Porto na Liga Vitalis". Já vejo o Boavista e o Salgueiros desapareceu. Talvez rebente mesmo a depressão e aquilo estoire.

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