quarta-feira, 15 de abril de 2009

MacCaneleiras

Comparo muitas vezes os clubes aos antigos clãs. E é por isso, se calhar, que gostamos tanto de futebol, de forma irracional e inexplicavel.
Gostamos de ver os guerreiros do nosso clã a lutarem contra os dos clãs vizinhos. Levamos bandeiras e vestes com as nossas cores e gritamos uns urros estranhos.
E é esta a essencia do futebol. Uma batalha da equipa da rua de cima contra a da rua de baixo, de um bairro contra o outro, duma uma vila, cidade ou país contra o seu rival.
É a nossa identificação com o clã que o torna mais forte e mais apto a batalhar com bravura.
E eis um dos problemas. Se no inicio os guerreiros do clã eram mesmo do clã, hoje em dia são mercenários. Lutam pelas nossas bandeiras para serem bem pagos, porque caso contrário facilmente lutam contra elas.
Em tempos, raros eram os bravos que saiam do seu clã para irem servir outro rival. Hoje em dia é uma questão de oportunidade.
A coisa complicou-se quando estas batalhas começaram a serem vistas como uma fonte de riqueza. Começaram-se a vender camisolas, canecas e penicos com as figuras dos nossos soldados. Mais. Se alguma tribo oferecer uns pesos em ouro por aquele que maneja bem o machete, este é vendido. Ele nem se importa, porque as gentis damas castelhanas ou saxonicas são mais fecundas que as nossas e o trabalho é melhor pago. Até pode comprar um cavalo novo.
Em Portugal, salvo casos pontuais, são 3 os clãs que dominam. Os vermelhos, os verdes e os azuis. Depois de meio século em que invariavelmente os vermelhos e os verdes ganhavam as batalhas, a tribo azul começou a impor-se.
Guerra aos vermelhos, gritavam. E todo o clã azul uniu-se à volta dos seus guerreiros nesta cruzada contra as tribos do sul.
Os vermelhos e os verdes foram ficando gordos e desleixados e começaram a levar na ripa a torto e a direito. Os azuis com o dinheiro do saque e prémios de batalha íam comprando mercenários de qualidade que juntavam aos seus guerreiros nascidos dentro do clã.
Quando a arte da guerra não chegava, os azuis tinham os magos de preto que criavam umas poções mágicas para ganharem batalhas à partida perdidas. E mais dinheiro para o clã.
Este circulo vicioso de batalhas ganhas, com ou sem jogo sujo, levou a que o clã azul enriquecesse e pudesse comprar ainda melhores tropas para conquistar o velho continente. O que lhe trouxe mais riqueza. Hoje em dia os azuis são um dos clãs mais fortes da Cristandade e os vermelhos e os verdes ficam com as migalhas.
E isto para dizer o quê? Que se os azuis ganharem aos vermelhos britanicos, mais moedas de ouro vão ter para poder comprar armas e malhar mais nos vermelhos lusitanos. Por isso é que quero que qualquer clã adversário leve na pá onde quer que vá. O que é bom para os outros clãs é mau para o meu.
Sou portugues, mas na batalha da bola sou vermelho.

2 comentários:

Repórter H disse...

Embora seja de saudar a tua coragem de vires a público mostrar a tua foto de saia, quero-te pedir que nos poupes com aquelas de lingire.

Tirando isso, acho tudo muito bem e estou completamente de acordo, trocando aí a parte do clã, porque o meu é o verde.

joemorales disse...

Sem hipocrisia, bem haja.

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