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Por estes dias a minha caixa de correio electrónico foi invadida por diversas mensagens de amigos lampiões, na sequência de uma original em que um deles se vangloriava com a notícia que saiu esta semana onde se podia ler que o Benfica tem actualmente o menor rácio de golos sofridos vs. jogos realizados e o 2º melhor de golos marcados vs. jogos realizados em toda a "Óropa".
Até aqui tudo normal. A notícia reflecte os bons resultados e a boa época que o Benfica tem realizado e portanto, nada mais natural que os benfiquistas com isso exultem. No entanto, com o acender da discussão, na qual tomaram parte outros amigos sportinguistas, cheguei à conclusão que mais do que mostrar satisfação, o comportamento desses benfiquistas (e isto é extensivo a malta lá do escritório, a malta fiel aqui à chafarica, a postadores noutros blogs, etc, etc) dá sinais de que podemos estar perante algo mais que isso.
E a bem dizer, pus-me a reflectir e conclui que ser lampião é na verdade uma patologia clínica e que assumida como tal, poderá ser curada.
Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, demonstrar o porquê da minha afirmação, para que possamos chegar à brilhante conclusão. Analisando a referida discussão, mais do que satisfeitos com os resultados, os benfiquistas queriam à força que a facção contrária admitisse que estamos perante resultados fabulosos só ao alcance dos predestinados. Descontando o facto de que todos os anos, algum clube ter que apresentar o melhor rácio do que quer que seja, a verdade é que o comportamento a muito se assemelha à esquizofrenia, o que é reforçado pelo auto-convencimento colectivo que são os maiores do mundo. Este comportamento é ainda reforçado pelos "Glorioso", "Catedral", "Enorme", entre outros epítetos utilizados pelos lampiões para se referirem ao próprio clube.
Outro comportamento que demonstra inequivocamente que estamos perante uma patologia, em tudo semelhante à paranóia, é o já famoso "vocês estão sempre a pensar em nós". Isto é tanto mais grave, quanto o facto de que os lampiões realmente acreditam que isto é verdade; uma prova deste facto vão ser as acusações aqui ao escriba, por estar a postar esta mensagem (isto apesar de pelo menos há 9 mensagens não falar no Benfica).
Terceiro aspecto a ter em conta - é contagioso. Quantos lampiões vocês conhecem, que pegam a maleita, por exemplo aos filhos (as crianças como se sabe, têm menos defesas e apanham estas coisas todas). Ninguém nasce lampião, é algo que se contrai. Normalmente apanha-se pelo contacto prolongado com um familiar próximo que sofre do mal e depois é difícil de se curar -principalmente porque até hoje ainda ninguém se tinha apercebido que estamos perante uma doença.
Aceitando então esta realidade, que ser lampião é uma patologia, será muito mais fácil chegar à conclusão que pretendo: é que tem cura! Por ser uma enfermidade do foro psiquiátrico, uma parte da recuperação poderá ser obtida através da ajuda de profissionais competentes. Assim, deveríamos ter os lampiões a deitarem-se nos divãs deste país e a mandarem cá para fora aquilo que os apoquenta. Já estou a imaginar as conversas:
- Dr. passo horas a pensar que o David Luíz é o melhor central a actuar na Europa, não acha? Se calhar é mas é do mundo. E o Dr. o que acha? É ou não é? Dr., Dr.... ajude-me por favor.
- Sabe Dr. acho que sou lampião, porque quando era pequeno o meu tio punha-me horas a ver o Chalana e o Pietra! Nunca consegui ultrapassar isto.
- Dr. lá na repartição sempre que falam no Benfica, vem-me logo à cabeça o "SLB, SLB, SLB, SLB, SLB, Glorioso SLB, Glorioso SLB!"
Acho que já perceberam.
Outra coisa que poderia contribuir para a melhoria dos lampiões em geral (embora cada caso seja um caso e cada um possa reagir melhor ou pior a determinados tratamentos) e que acaba por reforçar a teoria que se trata efectivamente de uma patologia, seria uma dieta mais rigorosa, em particular evitando o álcool. É um facto que as bebidas alcoólicas potenciam o lampião. Basta ver uma qualquer casa do Benfica em que à medida que a noite avança e o consumo de álcool vai aumentando, o grau de benfiquismo vai crescendo até à euforia. Grave, mas simples de curar: é beber menos.
Finalmente e como em qualquer outra patologia, o recurso a químicos poderá ser um instrumento de ajuda importante. Por isso, julgo que seria positivo se chegássemos ao ponto em que ouvíssemos: "olhe, vou-lhe receitar uns supositórios. Coloque 2 por dia, um de manhã e ou outro à noite, conforme o folheto de instruções que lhe vou dar, durante 2 semanas e depois marque mais uma consulta para eu o observar outra vez. E lembre-se, bebida nem vê-la!".