sexta-feira, 14 de março de 2008

Histórias da História


E agora para os fãs deste blog, uma pequena surpresa: Um post sério! Pelo motivo, pedimos desculpas.

Desde que em 1975/76 participou pela 1ª vez na Taça UEFA, o Sporting atinge esta temporada, pela 4ª vez no seu historial os quartos-de-final desta competição. É uma fase adiantada e por isso, trago aqui ao "Banco" memórias das 3 vezes anteriores em que tal aconteceu.


1985/86





Nessa época o treinador era Manuel José e foi ele o homem do leme, na primeira ida do Sporting aos 4os de final da Taça UEFA.


Na 1ª eliminatória, os leões defrontaram o Feyenoord. Com uma equipa que tinha por base jogadores formados em Alvalade, o Sporting venceu por 3-1, com os golos a serem apontados por Manuel Fernandes (31M), Jordão (35M), de novo Manuel Fernandes (63M) e por Duut (78M) para os holandeses. Na 2ª mão, na "banheira" de Roterdão a equipa leonina perdeu por 2-1, com Litos ao 59M a apontar o golo que apurou o Sporting, tendo Eriksen e Been aos 44 e 66 minutos feito os golos do Feyenoord.


Seguiu-se o Dinamo de Tirana, uma equipa Albanesa, que o Sporting ultrapassou com inesperadas dificuldades. Na capital Albanesa o resultado foi 0-0 e em Alvalade, um golo solitário de Venâncio aos 53 minutos, apurou os leões para os oitavos de final.


Na 3ª eliminatória calhou em sorte, o Atlético de Bilbau, com a 1ª mão a ser disputada em solo Basco. Aos golos de Sarabia (15M) e Salinas (58M) respondeu o Sporting com um de Ralph Meade (73M), que abriu boas perspectivas para a 2ª mão. Em Alvalade, o Sporting, bateu por uns esclarecedores 3-0 (golos de Manuel Fernandes, Meade e Sousa) uma equipa onde pontificavam Zubizarreta, Goicoechea e Salinas e que era treinada por Javier Clemente.


Nos quartos-de-final calhou ao Sporting, o Colónia. Na altura uma forte equipa alemã, que tinha nas suas fileiras, jogadores que certamente ainda muitos recordam, como Schumacher, Littbarski e Klaus Allofs. Em Alvalade, os leões colocaram-se em vantagem aos 50 minutos com um golo do inglês Meade, mas aos 89, na conversão de uma grande penalidade, Klaus Allofs entornou um autêntico balde de água fria em Alvalade. Em vantagem na eliminatória, os alemães, foram mais fortes na 2ª mão e com golos de Allofs (7M) e Honerbach (37M), selaram uma vitória por 2-0 que atirava com o Sporting para fora da UEFA, na 1ª vez que chegava aos quartos-de-final da prova.


Este jogo marcou a despedida de Jordão das competições europeias, onde participou em 31 jogos e apontou 7 golos.


O Colónia havia de chegar à final da competição nessa temporada, tendo perdido essa final para o Real Madrid. Os alemães ganharam mesmo em casa por 2-0, mas foram arrasados no Santiago Barnabéu, tendo sido goleados por 5-1.

1990/91


Já sob os comandos de Sousa Cintra (que ainda há-de ser recordado aqui no Banco em ocasiões futuras), o Sporting sobre a batuta de Marinho Peres, atingiu pela 2ª vez na sua história os quartos-de-final da UEFA. Nessa temporada conseguiu mesmo atingir as meias-finais.




A "aventura" começou com os belgas do Malines, uma equipa onde a estrela era Michel Preud'Homme, que anos mais tarde viria a brilhar no Benfica. Na 1ª mão, um golo solitário de Cadete, à passagem do minuto 38, chegou para levar a equipa leonina em vantagem para a 2ª mão, onde Philipe Albert, à passagem do minuto 8 tudo igualou; Fernando Gomes aos 29 minutos fez o 1-1, que seria desfeito aos 55, através de um auto-golo de Carlos Xavier; a 8 minutos do final, Cadete voltou a igualar a partida e selou a passagem do Sporting à eliminatória seguinte.


O adversário seguinte era romeno e chamava-se Timisoara. Na 1ª mão em Alvalade, uma das maiores goleadas da história europeia do Sporting: 7-0. A história do jogo, foi a história dos golos:
1-0 Cadete (32M)
2-0 Gomes (36M)
3-0 Cadete (49M)
4-0 Gomes (60M)
5-0 Cadete (63 M)
6-0 Careca (78 M)
7-0 Bozinoski (89 M)


15 dias depois na Roménia, o Sporting viria a perder por 2-0, num jogo sem grandes motivos de interesse, já que a eliminatória ia mais que resolvida de Alvalade.


Nos oitavos de final, de novo um clube holandês no caminho do Sporting e de novo um apuramento. O adversário vinha de Arnhem e chamava-se Vitesse. No Monnikkehvizeu, o Sporting com golos de Carlos Xavier (23M) e Gomes (36M), resolveu a eliminatória, pelo que a 2ª mão em Alvalade, foi um jogo de festa. Com 2 golos de Douglas (23 e 63 minutos) contra 1 de Van Arum (76M), o Sporting selava a sua 2ª passagem aos quartos-de-final desta competição.

E nos quartos-de-final... uma equipa italiana: o Bolonha. Uma equipa onde a estrela era Turkylmaz, recebeu o Sporting em Março de 91 e foi este avançado Suiço, que aos 49' abriu o activo. Seria no entanto Luisinho, o central do Sporting o herói da partida, já que aos 89' fez um golo e trouxe o Sporting em vantagem na eliminatória para Alvalade. Nessa partida o Sporting alinhou com o seguinte 11:


Ivkovic
Carlos Xavier
Luisinho
Venâncio (cap.)
Leal
Litos
Oceano
Douglas
Filipe
Gomes
Cadete


Foram os avançados Cadete e Gomes que com um golo cada aos 19 e 77 minutos, respectivamente, carimbaram a passagem à 1ª meia-final da Taça UEFA da história do clube.


Nessa meia-final, calhou em sorte o Inter de Milão, onde jogavam "apenas" Zenga, Bergomi, Berti, Brehme, Pizzi, Klinsmann e... Lothar Matthaus. E se em Alvalade, o Sporting ainda deu uma boa réplica aos italianos, tendo empatado 0-0, já em Milão, os italianos não deram hipóteses ao Sporting e venceram por 2-0, com golos de Matthaus aos 15 minutos na transformação de um castigo máximo e de Klinsmann aos 36. Terminava o sonho leonino, de chegar a final, que só se realizaria 14 anos mais tarde.

O Inter viria a bater a Roma na final, com 2-0 em Milão e 0-1 em Roma.

2004/05



Sob a batuta de José Peseiro, o Sporting viveu em 2004-05 a sua temporada mais gloriosa na Taça UEFA, tendo baqueado apenas nos últimos 45' da competição. O dia 18 de Maio de 2005 foi certamente um dos momentos mais alegres e simultaneamente mais tristes para todos os Sportinguistas.

Foi uma edição especial a de 2004/05, com a estreia de um novo formato, que incluia uma fase de grupos e a entrada a meio da prova de equipas que transitaram da Liga dos Campeões e com a final a ser disputada em Lisboa no novo Estádio de Alvalade.

Tudo começou na pré-eliminatória com o Rapid de Viena, uns austriacos até aí de má memória para o Sporting. 2-0 em Alvalade com golos de Tinga (60 M) e Liedson (85M) e 0-0 em Viena, chegaram para que o Sporting, que teve um início de temporada periclitante passasse à fase de grupos.

Ainda em vigor hoje em dia, a fase de grupos da Taça UEFA, tem um formato algo bizarro. 8 grupos de 5 equipas, apuram 24 equipas, a que se juntam 8 da Champions, para os 16avos-de-final. Nestes grupos, as 5 equipas jogam todas entre si, mas apenas uma vez. A carreira dos leões na fase de grupos, começou em Alvalade, frente aos gregos do Panionos, que os leões não tiveram dificuldades em bater. Custódio aos 5 minutos inaugurou o marcador e aos 35 Marcora restabeleceu a igualdade, com Douala (38M), Leidson (78M) e Hugo Viana (80M) a fazerem os 3 golos que permitiram ao Sporting chegar aos 4-1.

Em Tiblissi na 3ª jornada da fase de grupos (Sporting isento na 1ª), os leões venceram o Dinamo local por 4-0. A figura do jogo foi Liedson que apontou os 3 primeiros tentos aos 5, 28 e 59 minutos, sobre o apito final, Chichveishvili apontou um auto-golo que fechou o marcador.

Com estes 2 resultados o Sporting estava praticamente apurado, restava discutir a classificação com Sochaux e Newcastle. Em Alvalade e contra os franceses, o Sporting realizou uma má exibição e perdeu por 1-0 com um golo de Lonfat, aos 2 minutos.

15 dias depois em Newcastle, o Sporting apesar de ter sofrido o 1-0 logo aos 4 minutos por Bellamy, acabou por empatar com um golo de Custódio aos 39' e selou aí o apuramento, tendo contudo terminado o grupo em 3º lugar, o último que garantia acesso à fase seguinte.

A fase a eliminar, começou com o Feyenoord a tocar em sorte ao Sporting. Os holandeses, treinados por Gullit, viram João Moutinho estrear-se com a camisola verde branca em Alvalade, onde o Sporting venceu por 2-1. O jogo nem começou bem, com os holandeses a inaugurarem o marcador aos 7' por Goor. No entanto, Custódio aos 22 e Liedson aos 37 selaram uma vitória, que foi ainda mais saborosa, já que os leões jogaram metade da 2ª parte com 10, por expulsão precisamente de Custódio.

Na 2ª mão e de regresso ao De Kuip, os leões venceram de novo por 2-1, realizando uma exibição magistral. Liedson aos 61 e Rochemback aos 82 gelaram um estádio cheio de holandeses que mostraram muito mau perder. A partida esteve mesmo interrompida após o 1º golo leonino, devido ao arremesso de objectos das bancadas para o relvado. Hofs aos 88' foi o autor do golo solitário do Feyenoord.

Nos oitavos de final o Sporting defrontou o Middlsbrough. Na 1ª mão, disputada em solo britânico, mais uma grande exibição. Os leões chegaram a estar a ganhar 3-0 com golos de Barbosa (48M), Liedson (53M) e Douala (65M), mas 10 minutos finais em que a equipa se desconcentrou permitiram aos ingleses por Job (79M) e Riggott (86M) reduzir para 2-3.

Em Alvalade e com a eliminatória na mão, o Sporting geriu uma partida morna e venceu por 1-0 com o golo solitário a surgir no último minuto por Pedro Barbosa.

Nos quartos-de-final surgiu no caminho do Sporting aquela que era uma das mais cotadas equipas em prova. De novo o Newcastle. Treinados por Graeme Souness, os ingleses, venceram a 1ª mão por 1-0 e traziam uma vantagem preciosa e chegavam a Alvalade, claramente como favoritos.

Já em final de carreira, Shearer pontificava numa equipa que a 14 de Abril visitou Alvalade. E nesse dia, houve magia! Começou tudo mal, além da ausência de Liedson por castigo, Dyer aos 19 minutos fez um golo que colocava praticamente os ingleses nas meias-finais e nem o golo de Niculae aos 40' preparava os Sportinguistas para o que se seguiria nos segundos 45 minutos. Uma exibição magistral e 3 golos que surgiram naturalmente face ao dominio e à exibição segura que os leões realizaram. Sá Pinto aos 70' e Beto aos 77' fizeram os 2 golos que permitiram ao Sporting colocar-se em vantagem na eliminatória. A vitória ficaria selada com mais um golo, da autoria de Rochemback e assim, o Sporting atingia as meias-finais da UEFA pela 2ª vez na sua história.

E aí mais uma equipa holandesa, o supreendente AZ Alkmaar de Co Adriaanse. Em Alvalade Landzaat, abriu o activo numa eliminatória onde o Sporting era favorito. Douala (37M) e Pinilla (80M), este último um golão, permitiram ao Sporting deslocar-se a um vergonhoso Alkmaarder Hout, que felizmente já não existe...

E a 2ª mão dessa mai-final, foi talvez o jogo mais épico de toda a história do Sporting nas competições europeias. Os holandeses entraram a todo o gás, talvez inspirados por um arrogante Adriaanse, que garantira aos seus adeptos a vitória na eliminatória e chegaram à vantagem logo aos 5 minutos, por intremédio de Perez. No entanto, os leões assentaram o seu jogo e Liedson em cima do intervalo fez o 1-1. A 2ª parte foi morna e dominada pelo Sporting, mas aos 78' num lance fortuito, Huysegems fez o 2-1 e levou o jogo para prolongamento. Aí, os holandeses empolgaram-se a chegaram aos 3-1 a 12 minutos do final. E foi preciso esperar pelo último minuto do jogo, para que os Sportinguistas assistissem a um momento que nunca ninguém irá esquecer. Rodrigo Tello apontou um canto do lado direito e Miguel Garcia com um cabeceamento certeiro, fez o golo que levou os leões para a final.

E aí foi a história que todos conhecemos. O Sporting chegou ao intervalo a ganhar com um golo apontado por Rogério (29M), mas na 2ª parte, uma equipa do CSKA, que viveu os meses de Abril e Maio para a Taça UEFA, tendo adiado sucessivas partidas do seu campeonato, mostrou superioridade física e virou para 3-1 por Berezutskiy (56M), Zhirkov (65M) e Wagner Love (74M).

E pronto, foi assim! Por três vezes o Sporting chegou aos quartos-de-final da Taça UEFA. Na primeira por aí ficou, na segunda avançou até às meias e na 3ª chegou à final. Este ano como será?

Esta pequena resenha não seria possível sem o livro "50 Anos a rugir na Europa - As mil e uma histórias europeias do Sporting" nem sem o site da UEFA (http://www.uefa.com/). Um agradecimento especial ao The Wall! Ele sabe porquê!

7 comentários:

Caneleiras de cortiça disse...

Não li, mas gostei.
Não li porque realmente não tenho paciência. Nem que fosse do Benfica.
Eu sei que este blog tem uma forte componente de tentativa de humor, mas expor a carreira Uefeira do Sporting desta maneira e dizer que foi retirada do livro 1001 histórias europeias do Sporting, é elevar a fasquia
1001????? Só se contarem as histórias das refeições antes e depois dos jogos e das vezes que o autocarro parou para por gasóleo.
Faltou foi uma foto do Peseiro, esse marco da história Uefeira do Sporting.
Garanto que ninguem mais no sporting repetirá a façanha do homem

Fuinha da Bola disse...

"Ca'bela" ressanha histórica...que belas recordações tenho da meia-final em Alkmaar com o Padrino. Os trabalhadores da metalúrgica e amigos, adeptos do Alkmaar a pagar-nos umas rodadas na esplanada na praça principal dessa bela terra (onde se faz uma feira anual de queijo famosa), numa bela tarde com sol. E com bilhetes para a "lateral", reservados a sócios do Alkmaar, comprados na internet, lá nos conseguimos sentar na equivalente à central, em cima do relvado, mesmo ao centro. Os stewards lá nos ameaçavam " I cannot guarantee your safety...please remain sitted and quiet.". Ao intervalo lá veio um amigo que nos tinha pago as rodadas e escoltado para dentro do estádio cumprimentar-nos a perguntar se estávamos a gostar. É claro que não estávamos a gostar (do resultado, da chuva e do barulho das palmas com os leques dobráveis) mas haveríamos de adorar. E para o final do jogo acabou o barulho do dobrável, e no festejo do golo ainda fomos ameaçados por um gigante. Depois foi regressar à estação de comboio à chuva e apanhar uns dobráveis do chão para recordação.

Repórter H disse...

E depois desta história do Fuinha, passam a ser 1002...

Anónimo disse...

que inveja que tenho de nao ter estado em Alkmaar com o Padrino.

o Sporting até podia perder que viver tal experiencia com Padrino.

A mistura explosiva que so pode mesmo ter sido algo inesquecivel:

Padrino + Trabalhadores da metalúrgica a pagar rodadas + bilhetes reservados a sócios do Alkmaar + I cannot guarantee your safety.. + ameaçados por um gigante + regressar à estação de comboio à chuva

uiii...

Bengas disse...

E eu lembro-me de todos os momentos aqui falados! E à excepção do Feyenoord em 1985, que calhou em Agosto e estava de férias no Algarve, estive sempre em Alvalade a vê-los! Desde o golo fatídico do Allofs às perdidas do Oceano contra o Inter! E também de vibrar de rádio no ouvido (na altura os jogos não davam na TV)com os golaços do Meade em Bilbao, do Cadete em Malines ou do Xavier em Arnhem... Belo momento revival!!!

PS: "Barbosa", não... Sr. Pedro Barbosa!!!

Padrino Visconti disse...

Lindo, depois dos convencidos pagarem uma bejecas aos que julgavam que iam ser uns "coitadinhos", depois de mijar essas mesmas bejecas nas extintas paredes do Alkmaarder Hout (Alkmerda, nem casas de banho tinha), e do "ê disse sai da frenti", ainda vimos os amigos pagadores de bejecas, ja com cara de poucos amigos e a arrota-las com azia! Grande recordaçao! Viva os alentejanitos!

The Wall disse...

vários momentos mágicos, sim senhor...Não me esquecerei da fantástica recuperação em Alvalade contra o Newcastle e dos festejos n'Alta de Lx, chez Andre. Magico!

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