Antes de mais, nesta fase, estou a ouvir! A ouvir o que os candidatos têm para nos dizer, qual o que tem o melhor perfil para presidente e a tentar perceber qual é o melhor programa para o Sporting. Depois de me informar, irei escolher e se tudo correr bem, dia 5 lá estarei para votar.
Agora, aquilo que eu sei nesta altura e relativamente às candidaturas de "continuidade" é que terão muita dificuldade em convencerem-me de que o que nos apresentam é o rumo certo. E porquê? Por diversas razões, que vou tentar explicar.
Recuando no tempo e se nos posicionarmos no início do projecto Roquette, o que nos foi dito nessa altura, foi que o Sporting precisava de uma gestão profissional e para tal era necessário constituir uma SAD, que iria ser colocada parcialmente em bolsa, para atrair investimento, que seria bastante fácil de captar. Foi dito ainda que o importante era diversificar o negócio, criando novas e alternativas fontes de receita, que ajudassem a criar condições para formar grandes equipas e sustentar o clube, independentemente da bola que batesse no poste. Importante também era ter um projecto imobiliário que passava pela construção de um estádio e de uma Academia, sem os quais o clube estava destinado a decair e eventualmente falir. Finalmente foi-nos dito que com tudo isto, teriamos condições para ganharmos 3 títulos a cada 5 anos.
13 anos volvidos, o chamado projecto foi evoluindo, mas o que eu vejo, não se assemelha em nada ao que nos foi prometido, isto apesar de as direcções se terem sempre sucedido em processos de continuidade. Lembro por exemplo aos mais esquecidos que Soares Franco foi vice-presidente de Dias da Cunha, tendo a passagem sido feita por cooptação.
E portanto tendo em conta toda esta continuidade, temos que analisar o que foi acontecendo, os resultados e as inflexões que foram acontecedo.
Comecemos pelo buraco financeiro. Até hoje estou para perceber como é que se chegou a um passivo consolidado na ordem dos 230 milhões de euros, sem que a meio do caminho se parasse para analisar o que é que se estava a fazer, nem que se travasse esta loucura. O que mais me surpreende é que esta questão do endividamento, que no início de tudo era o investimento necessário para que o clube disparasse na senda dos títulos e que hoje é a mão que nos estrangula e que espante-se se não se inverter a tendência o clube está destinado a decair e eventualmente falir (mas onde é que eu já ouvi isto? Ah já sei, foi há 13 anos atrás...).
Sobre este aspecto, aproveito aqui para enquadrar a personagem Filipe Soares Franco, de quem não gosto, por diversos aspectos que irei tentar enumerar, sendo que este é o primeiro. O actual presidente foi vice durante os anos em que segundo o próprio se cavou o buraco sem que nada tenha feito para travar o assunto. Quando chegou à presidência, a 1ª coisa que fez, foi convocar os sócios (2 vezes, porque à primeira não conseguiu) para o autorizarem a vender uma parte do património, o edifício Visconde e o Alvaláxia, porque não eram o core-business do clube, o que aliado à resolução do problema dos licenciamentos dos terrenos onde estava o anterior estádio, permitira pagar uma parte significativa da dívida e salvar o clube de um destino que seria inevitável e que era... decair e eventualmente falir.
Ok. Deu-se autorização, vendeu-se o património, licenciaram-se os terrenos, recebeu-se a guita e... eis que ainda falta, passar o estádio e a Academia para a SAD e vender mais 20% do capital e aí sim. Aí, já temos condições de evitar que o clube venha a decair e eventualmente falir. Tudo isto sempre passado num cenário em que quem não estava a favor, é porque estava contra e era uma força de bloqueio. Ah e no meio disto tudo, vendeu-se Cristiano Ronaldo, Simão, Hugo Viana, Quaresma e Nani, entre outros menos sonant€s, tendo-se totalizado só nos 5 referidos 75 milhões de euros.
Com tudo isto, andamos à anos preocupados com a dívida e o que se verifica é que não temos dinheiro para investir na equipa e portanto conformamo-nos em ter um conjunto que luta por ser 2º, de modo a chegarmos à Liga dos Campeões, para que pingue mais algum. E lá estamos nós, outra vez com o dinheiro e com medo que não chegue, o que até é natural, já que se assim não for lá estamos nós outra vez, destinados a decair e eventualmente falir!
E com isto chegamos a mais um ponto com o qual não estou minimamente de acordo com esta gestão. O distanciamento entre quem manda no clube e a estrutura do futebol, o que se traduz num conjunto de casos e casinhos de indisciplina e de falta de profissionalismo, que não consigo conceber e que não vejo em mais lado nenhum. Só este ano tivemos a novela João Moutinho, os amuos do Miguel, meia época de Vukcevic armado em parvo, o Stojkovic, o Grimi besunta e o Yannick que não festeja os golos e que quer ir embora porque não sei quê! Tudo isto seria evitável ou pelo menos poderia ser minimizado, se tivessemos uma liderança forte e presente. Mas como temos um presidente, que "não tem por hábito falar com os jogadores", "que dedica uma hora por dia ao clube", embora isso represente "um esforço brutal", que delega numa estrutra que existe e que segundo ele é muito competente (e aqui falo em particular do Ribeiro Telles e do Barbosa), mas que não vemos actuar ou aparecer nas alturas complicadas e que deixam tudo para cima do treinador, que aí justiça lhe seja feita, dá o peito a todas as balas e chega-se à frente que nem um leão. Se calhar por isso é que está de tal maneira desgastado que hoje em dia não pode quase abrir a boca.
E com isto chegamos à estrura do Sporting (grupo empresarial). Não me vou dar ao trabalho de vos explicar, nem de trazer aqui a presente organização do grupo de empresas do Sporting - vão procurar e informem-se que foi o que eu fiz - mas aqui o que digo é que me faz confusão que sejam necessárias 9 (repito, 9) empresas para gerir o Sporting. Tudo isto terá certamente custos de estrutura que contribuem para alimentar o tal monstro que alimenta a ideia da decadência e da falência. O que é que estas estrutras todas fazem? Qual a rentabilidade que trazem ao Sporting? Qual a mais valia? Tudo isto são questões que eu acho que o futuro presidente se deve colocar e repensar tudo se necessário for.
Um outro ponto, que gostaria de ver discutido é a relação que o clube tem com os sócios. Considero que cada vez menos há respeito por este nosso estatuto e que somos cada vez mais tratados como clientes certos que vamos lá ao tasco e que portanto não é necessário "mimar". Mais uma farpa na direcção do Soares Franco, que vê o clube como uma empresa, onde não há lugar a sócios mas apenas a clientes. Exemplo disso é a última votação a que este senhor se propôs, que é no mínimo surreal. Uma vez mais e para os menos informados: vão investigar se querem saber o que se votou que eu não sou vosso pai para vos ter que dizer tudo.
No meio disto tudo, foi tudo mau o que se fez. Não, é claro que não. Continuo a achar que a ideia por base, de se profissionalizar a gestão é positiva. Acertou-se num eixo estratégico, que está muito bem montado e que efectivamente tem sido uma mais-valia para o clube, refiro-me à formação. Criaram-se condições para que exista alguma estabilidade (reforçada nestes últimos anos, diga-se) ao nível das equipas técnicas e dos planteis, para que a coisa não abane à 1ª derrota, ou quando alguns adeptos labregos (onde eu me incluo) vêm pedir a cabeça do treinador, porque se perdeu mais um jogo!
Para mim, penso que está na altura de se mudar o paradigma. Voltarmos a centrarmo-nos no clube e na equipa do futebol e não vivermos obcecados com o passivo e a dívida. Está na altura de se ser mais exigente e rigoroso; não permitir que as telenovelas que assistimos se repitam e continuem a acontecer sistematicamente. Quero que voltemos a ter uma equipa que jogue um futebol bonito e atractivo, que seja capaz de disputar cada jogo com esforço, dedicação e devoção. Que haja orgulho em representar o Sporting e que mesmo que haja ambições em sair para emblemas mais sonantes, que isso não seja uma obcessão transposta para o exterior a cada dia.
E finalmente, quero que o meu presidente não ande de braço dado com o Pinto da Costa, como este tem feito, como se esse senhor não fosse presidente de um clube que pagou viagens a árbitros, tenha sido julgado e considerado culpado de corrupção na forma tentada, ou que nos "passe a perna" de forma mais ou menos clara, como foram por exemplo os casos do negócio Paulo Assunção ou da antecipação do jogo este ano do Dragão, nas vésperas do jogo das meias-finais da Taça de Portugal, que acabou por não se realizar.
Nomes para o poleiro? Não sei. Para já há 2 candidatos, um que tenho gostado de ouvir, outro nem tanto. Porque não tenho que vos fazer a papinha toda e não quero de todo influenciar ninguém, vão vocês procurar a informação, até porque isto já se faz tarde!
Saudações Leoninas, malta!
11 comentários:
Muito bom e muito bem! Eu próprio não diria melhor. A sério, não dizia mesmo.
Há muita coisa com que concordo em absoluto, nomeadamente a falta de sensibilidade desportiva, o cansaço dos adeptos de fazerem tanto esforço e terem tanta paciência para esperar pelos títulos ao ritmo prometido e de lidarem com constantes cenários dantescos que parece que nos outros clubes não existem (mas existem).
No entanto, há também outros aspectos com os quais discordo:
1. O Soares Franco (FSF) não foi propriamente a continuidade do Dias da Cunha. Pelo contrário, ele era o principal opositor deste na Direcção porque já nesse tempo tinha ideias diferentes. O candidato da continuidade era o Ernesto Ferreira da Silva. O FSF candidatou-se e venceu as eleições. Foi assim que as coisas se passaram. E por ter ideias diferentes quis vender o património imobiliário, algo que foi inicialmente um dos pilares do projecto Roquette mas que (por mau planeamento, falha estratégica, o que seja...) falhou, como era bem visível. Por isso decidiu-se fazer uma inflexão.
2. Conjuntura! O problema do passivo era de facto preocupante há cerca de 1 ano. Com as taxas de juro ao nível que estavam os encargos financeiros resultantes daquele passivo sugavam o orçamento do clube. E isso sim, se continuasse era preocupante para o equilíbrio financeiro do clube. Todos nós sentimos a prestação da nossa casa a aumentar, ou vão-me dizer que não? Da mesma maneira que agora todos a sentimos a baixar e por isso esse problema perdeu alguma da sua urgência. Mas ela voltará, dependendo da conjuntura.
3. Não temos tido os títulos desejados e prometidos, é certo. Mas temos tido muitos mais do que na década de 90. O facto é que na era Roquete/Dias da Cunha/FSF vencemos 2 Ligas, 3 taças e 4 supertaças. Não é tanto como queríamos mas também não é propriamente zero.
4. Não é verdade que se tenham vendido os jogadores "no meio disto tudo" (ndr a alienação do património imobiliário). Apenas o Nani o foi (e por um preço irrecusável). Um dos objectivos do negócio imobiliário era precisamente reduzir o psssivo para libertar o clube da obrigação imposta pelos bancos de vender um jogador por ano. O que de facto se conseguiu.
5. Sem estar profundamente informado sobre as 9 empresas, não me choca minimamente. Primeiro porque a existência de uma empresa não significa custos muito maiores do que um departamento. Uma SGPS, por exemplo, não tem qualquer substância e não tem praticamente custos de funcionamento. O salário dum administrador é o que seria do director-geral ou afim. Em segundo lugar, porque é comum (e suponho que não seja por moda mas sim por estar demonstrado que é mais eficiente) os grupos económicos terem as suas áreas funcionais divididas por diferentes entidades jurídicas.
Excelente post.
O Sporting de hoje não passa do reflexo das alianças que fez com os seus amigos a Norte.
Mas como os adeptos gostam e preferem atacar o Benfica...
eu adoro qdo labregos vem com um ar furioso acusar nos de aliança ao FC Porto. ahah
ó seus labregos queriam o que?! q o sporting se juntasse ao benfica pra derrotar o porto?!
vcs realmente querem ser aquilo que nao são!
poeta seja bem vindo! em breve irás ter mais posts sobre o glorioso para comentares.
reporter diz me em quem vais votar para eu votar precisamente no oposto!
Carga d'ombro: O único momento em que estivemos ao lado do Benfica, no momento do famigerado manifesto, fomos roubados do mais incontestável e merecido campeonato de que tenho memória. Assisti na época 2004/05 ao campeonato mais manipulado e fabricado do que qualquer um dos que o Porto venceu na época Pinto da Costa. Por isso não nos venham pregar o discurso imbecil e já cansativo das alianças a Norte. Não nos aliamos a ninguém, simplesmente acabamos por ter mais coisas em comum com uns do que com outros.
"Assisti na época 2004/05 ao campeonato mais manipulado e fabricado do que qualquer um dos que o Porto venceu na época Pinto da Costa."
Isto, num país civilizado, devia dar pena de prisão. Perpétua. A mentira, a estupidez ou a omissão voluntária são crimes graves. Principalmente para a pachorra de quem tem de aturar frases destas. Mas compreende-se: o réu não está nas condições mentais desejáveis para prosseguirmos a sessão. Proponho que se ilibe o réu de trabalhos forçados e contacto com mauzões de brinco alegando insanidade. Além de ser verdade, ainda pode ir correr aos círculos para o Miguel Bombarda.
Poeta: O teu conceito de país civilizado é interessante! O que me suscita a dúvida sobre o que é para ti "a mentira", "a estupidez", "a omissão voluntária" e "crimes graves"! Provavelmente não me estás a insultar mas sim a elogiar...
Por isso, antes de partir eu para o insulto, gostava que me explicasses a tua definição daquelas palavras e em que medida é que têm alguma coisa a ver com o que eu disse.
Quanto aos teus gostos por contactos com mauzões de brinco, acho que é algo transversal a qualquer civilização: chama-se paneleirice.
1. Ai Sr. Bengas essa memória!!!
Em 2005 o Soares Franco substituiu o Dias da Cunha por cooptação. Podes ver aqui: http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=626225
Em 2006, foi a eleições, tendo ganho ao Sérgio Abrantes Mendes e ao outro (que se chamava Guilherme Lemos) - podes verificar aqui, se quiseres: http://jpn.icicom.up.pt/2006/04/28/eleicoes_no_sporting_os_projectos_para_o_ano_do_centenario.html
Foi assim que as coisas se passaram!
2. Não consigo aceitar a tua comparação do empréstimo que o Sporting contraiu e o de uma família e da "aflição" que ambos sentiram no momento em que as taxas de juro dispararam! Não porque os juros não afectem ambos, quando sobem, mas porque numa empresa o factor emocional que levou muitas famílias a endividarem-se para além da sua capacidade, não deveria existir.
Aliás sobre este aspecto e tendo em conta a gestão do passivo muito havia para se dizer, como o empréstimo obrigacionista a pagar 7,3% de taxa de juro (garanto-te que pago bem menos pelo meu empréstimo), que foi contraído em 2008, para substituir o de 2005 (na altura com taxa de juro mais baixa!) - tens aqui informação: http://www.futebol365.pt/noticias/artigo.asp?id=21220&CAT=Sporting
3. É verdade! Mas como eu próprio disse, nem tudo foi mau. Acho é que podia ser bem melhor.
4. A expressão "no meio disto tudo", não tem a ver com a venda do património, mas sim com o projecto global. Quis mais mostrar que se vendaram gajos para aí num total de 100 milhões, mas que não vimos a dívida descer por aí além.
5. Não vale a pena aprofundarmos muito por aqui. O que quero dizer é que como em todo o lado estruturas complexas potenciam o aparecimento de encostas e outros lorpas!
Tio: vou votar em ti!
ok, e eu em ti!
;)
Ainda a resposta ao Reporter:
1. OK, pensei que estivesses a dizer que a cooptação tinha sido feita também pelo Dias da Cunha. O que queria dizer é que a sucessão já representou uma ruptura porque não era o FSF que o DC queria ver como presidente, o que aliás gerou o conflito entre o DC e o FSF.
2. Bem ou mal planeado, muito ou pouco arriscado o aumento dos encargos financeiros era um facto! Assim como a limitação do orçamento do clube. Não digo que fosse acabar com o clube como acabou com algumas famílias, mas que lhe limitava a gestão corrente é inegável. O plano do FSF era libertar fundos para essa gestão.
3. Resta saber se era possível fazer tanto melhor assim. A dinâmica de vitória constrói-se gradualmente e não dum momento para o outro.
4. OK, está esclarecido. Como vinhas de criticar o projecto imobiliário, era o que parecia.
5. Estruturas complexas, concordo. Mas a questão é que o simples facto de ter mais empresas não implica necessariamente que as tenhas. Até podes ter estruturas bem mais complexas se numa única empresa com vários departamentos.
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